A Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) em parceria com o Museu do Diamante/Ibram apresenta a 2ª edição do CAFÉ LITERÁRIO: A narrativa literária como fonte do conhecimento.
A obra "Le Mot Juste" de Roberto Amaral (Orobó Edições, 2011) será apresentada e discutida no próximo sábado dia 26 de maio de 2012, às 15:00hs no Museu do Diamante.
A apresentação será do acadêmico Daniel Santos da Costa, do curso Bacharelado em Humanidades (BHu) da FIH.
Entrada gratuita.
Informações no blog: http://www.ufvjm.edu.br/site/cafeliterario
O conjunto de textos, ou melhor, a narrativa de formulações textuais, Le
mot juste, de Roberto Amaral, participa da álacre impertinência
moderna do livro (que é feito) de livros, tradição que começa ou dá uma
passo crucial com o Quijote de Cervantes. Com efeito, há pouco um poeta
estava no caminho certo ao cantar e contar que “vão-se os papéis dos
inumeráveis volumes, mas ficam os textos”. Desdobram-se as formas de
discursos sobre os textos. Leituras. E a leitura, quando motivada por
uma apetência, a um só tempo, seletivo-crítica e criativa, é literatura,
em sua acepção mais radical. É essa leitura generosa e expropriativa
que garante a permanência renovada de certos livros-textos.
No livro de Roberto Amaral, a personagem Denise faz, por assim dizer, esse tipo de leitura – literatura –, já que seu desejo com relação ao objeto livro em nada se assemelha à devoção que um bibliotecário ou um estudioso exigente, por exemplo, dispensam a essa forma tão eficiente quanto remota de encapsular palavras, frases, versículos e conjuntos de parágrafos. Ao contrário desses heróis decadentistas, Denise almeja para si a desmaterialização do livro, isto é, ela conviverá com o livro efemeramente, até que as interpretações que dele se desprendem venham a esbarrar em seu afeto intelectivo e, embora não sejam mais o livro, conservam, todavia, mesmo após o descarte, algo dele. E Denise assim o faz porque considera que essas interpretações e analogias, substituindo-o, jamais se esgotarão num simulacro de capa dura, ou dentro dos limites em que o papel foi talhado. Fazendo uma comparação imperfeita, seria razoável entrevermos o perfil de Denise num bosque, ou nessa espécie de limbo dantesco, ao lado de outros personagens do filme Fahrenheit 451 (1966) de François Truffaut, lendo e entesourando em suas memórias as hesitações de forma e fundo dos clássicos.
No livro de Roberto Amaral, a personagem Denise faz, por assim dizer, esse tipo de leitura – literatura –, já que seu desejo com relação ao objeto livro em nada se assemelha à devoção que um bibliotecário ou um estudioso exigente, por exemplo, dispensam a essa forma tão eficiente quanto remota de encapsular palavras, frases, versículos e conjuntos de parágrafos. Ao contrário desses heróis decadentistas, Denise almeja para si a desmaterialização do livro, isto é, ela conviverá com o livro efemeramente, até que as interpretações que dele se desprendem venham a esbarrar em seu afeto intelectivo e, embora não sejam mais o livro, conservam, todavia, mesmo após o descarte, algo dele. E Denise assim o faz porque considera que essas interpretações e analogias, substituindo-o, jamais se esgotarão num simulacro de capa dura, ou dentro dos limites em que o papel foi talhado. Fazendo uma comparação imperfeita, seria razoável entrevermos o perfil de Denise num bosque, ou nessa espécie de limbo dantesco, ao lado de outros personagens do filme Fahrenheit 451 (1966) de François Truffaut, lendo e entesourando em suas memórias as hesitações de forma e fundo dos clássicos.
(Trecho do blog do Café Literário)
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